domingo, 14 de agosto de 2011

VELHO JEITO DE PAI

Tenho saudades do teu olhar de silêncio dotado de orgulho o tempo todo, e uma paz que dá o sossego depois do choro, envolvido num abraço calmo e confortante. Do gesto das tuas mãos pelos meus cabelos ou simplesmente do peso dos teus dedos sobre meus ombros. Do teu sorriso que me faz ainda parecer menino ou da tua bicicleta que da garupa me fazia parecer gigante.

Acordar com teus passos me fazia encontrar alegria na rotina e tranquilidades na luz do dia que viria, como se o mundo passasse correndo feito um brinquedo.

Teu chinelo sempre no canto esquerdo da porta e do teu olhar sereno, enquanto o café esfriava. Tinha tanta inveja daquele boné que te acompanhava em todos os lugares, onde nem sempre eu podia ir e em segundo de cumplicidade que ele guardava dos teus pensamentos. Não importava onde quer que fosse, era ao seu lado é que eu queria estar.
Ainda choro no meio da noite depois de um sonho ruim, mas não são os teus passos que vem me acalmar. Volto a dormir como se tuas mãos me dessem o repouso e sonho para te encontrar. Tua maneira de encontrar sentido em tudo e minha vontade de não querer outro sentido e mais nada. Dos teus pés que me mostravam o caminho no rastro preciso por onde o chinelo passava.
A alegria que era me vestir para passear pela cidade me fazia pensar que era dia de ganhar presente. E hoje até no jeito de arrumar seus óculos, eu repito só para parecer contigo.

Pode ser, Pai que por tantos momento eu não tenha encontrado a maneira certa de dizer como eu amo tanto, talvez porque nem mesmo soubesse dizer o quanto, no entanto tu sabias e guardavas contigo como um segredo grande igual a todas as coisas que descobriria bem mais tarde na vida.
É de ti que eu sinto saudades. Do teu doce e velho jeito de pai.


Feliz dia dos Pais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário